Neutralidade armada para a Ucrânia
Neste momento, parece improvável que a intervenção do Presidente dos EUA conduza a um acordo de paz ou a um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia num futuro próximo. Mas Trump, com o seu extraordinário encontro com Vladimir Putin no Alasca, pôs definitivamente as coisas em marcha, embora estejamos apenas no início do processo que deverá pôr fim a uma guerra extremamente devastadora e sangrenta em solo europeu.
Os acordos alegadamente alcançados pelos presidentes dos EUA e da Rússia no Alasca representavam uma grande ameaça para a Ucrânia. Por exemplo, é pouco provável que a Ucrânia esteja disposta a ceder os bastiões militares de Kramatorsk e Slovyansk (o resto da província de Donetsk que as tropas russas ainda não capturaram) reivindicados por Putin em troca da paz. Assim, sete líderes europeus “colaboraram” com sucesso com Trump na passada segunda-feira na Casa Branca.
Confrontados com as fortes exigências russas, aperceberam-se do bluff de Putin e, na presença de Trump, acordaram uma cimeira entre Zelensky e o líder russo e garantias de segurança para a Ucrânia, sabendo que o presidente russo acabaria por recusar. Temas sensíveis como as trocas territoriais foram evitados. Entretanto, Trump foi apaziguado pelos europeus com uma proposta não especificada: a Ucrânia compraria armas americanas pela quantia considerável de 100 mil milhões de dólares, a financiar pela Europa.
O plano resultou. De facto, Putin parece estar a evitar um encontro com o seu homólogo ucraniano. Isto é compreensível, uma vez que ele tem negado consistentemente que Zelensky seja um presidente legítimo. Além disso, através do Ministro dos Negócios Estrangeiros Lavrov, deixou claro que se opõe veementemente às garantias de segurança ocidentais se estas significarem a entrada de tropas da NATO na Ucrânia. Será que isso inviabilizará o plano Trump-Putin, tal como discutido no Alasca? Trump irá retirar-se em breve, desejando boa sorte à Europa e à Ucrânia na sua luta contínua contra a Rússia, como afirma?
Isso também é improvável. Afinal, ele quer o Prémio Nobel da Paz e comprometeu-se fortemente a resolver o conflito, para concentrar a defesa do seu país muito mais na........
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