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Não a Europa, mas as Terras de Borda são o nosso futuro

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As Terras de Borda, dizes tu? Nunca ouvi falar disso. É verdade, as Terras de Borda não existem de facto, pelo menos não como entidade política. As Terras de Borda (originalmente chamada Rimland em inglês), no entanto, formam um importante conceito geopolítico que domina o pensamento estratégico nos EUA há décadas. As Terras de Borda referem-se à faixa de potências marítimas de média dimensão que circundam o continente euro-asiático (denominada a Terra da Coração ou Heartland), como entre outros a Grã-Bretanha, França, Itália, Turquia, Índia, Indonésia e Japão.

O conceito das Terras de Borda foi lançado no início da década de 1940 pelo politólogo holandês-americano Nicholas Spykman, como fundador da geopolítica moderna na Universidade de Yale. Segundo Spykman, a faixa de países que juntos formam a Borda seria a chave para a dominação do mundo. Isto contrastava com outros estudiosos, que viam a massa terrestre euro-asiática como uma mega-ilha no nosso globo, a partir da qual, em virtude da sua dimensão e da impossibilidade de conquista, o resto do mundo podia ser controlado.

Spykman pensou em como manter a Eurásia (leia-se, na altura, a União Soviética) sob controlo sem ter de a ocupar. Acreditava que quem controlasse a Borda controlaria a Eurásia, e quem controlasse a Eurásia controlaria o mundo. Spykman via a Borda como uma zona tampão crucial entre a superpotência terrestre (a União Soviética) e a superpotência marítima (os Estados Unidos), de importância estratégica devido à sua população, aos recursos naturais e ao desenvolvimento industrial.

Os EUA praticamente colocaram a teoria em prática após a Segunda Guerra Mundial e, entre outros, a Europa Ocidental, a Turquia, a Arábia Saudita, a Pérsia, o Paquistão, o Japão e a Coreia do Sul tornaram-se aliados próximos, cercando a União Soviética e mais tarde a China.

O interessante é que os EUA, o país que teve a maior parte das Terras de Borda e, portanto, o mundo sob a sua influência nos últimos oitenta anos, está agora a afrouxar as rédeas. Os EUA........

© Observador