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Entre a Inquisição e o Algoritmo 

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02.08.2025

O início desta semana foi particularmente agitado, na sequência de uma entrevista concedida por Rui Moreira a um podcast. Ainda nessa tarde, as minhas redes sociais — e até as caixas de mensagens — ficaram inundadas com publicações a denunciar declarações polémicas feitas durante essa conversa. O burburinho foi imediato, e o tema espalhou-se à velocidade típica dos dias que correm: rápida, fragmentada e muitas vezes sem contexto.

Confesso que, num primeiro momento, achei que se tratava de mais uma declaração infeliz — daquelas que geram barulho, mas pouco conteúdo. Afinal, todos nós temos direito a comentários menos felizes ou até mal interpretados. E não nos esqueçamos de que estamos a entrar em Agosto, a clássica silly season da política portuguesa, onde qualquer frase mais escorregadia serve de manchete, de indignação passageira ou de combustível para as redes sociais e jornais.

Contudo, a frase “Portugal foi o último país a abolir a Inquisição e, portanto, vamos seguramente ser o último país a abolir as redes sociais” seria uma afirmação muito mais que infeliz — sobretudo vinda de quem lidera uma cidade que sempre foi símbolo de liberdade, resistência e pensamento crítico.

Por isso mesmo — e porque a coerência exige que não se critique sem ouvir, sobretudo tratando-se de alguém que sempre vi como um defensor dos direitos e das liberdades — fiz questão de escutar a entrevista completa, em vez de me deixar levar pelo ruído dos soundbites que hoje contaminam o debate público. E, verdade seja........

© Observador