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Como se teriam portado as nossas televisões se Balsemão tivesse morrido no mesmo dia das eleições do Benfica?

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04.11.2025

É verdade que sábado a depressão Benjamim deixou o país em alerta amarelo e provocou imensos estragos na ilha de São Miguel, estragos esses que, tivessem ocorrido em Lisboa, teriam tido direito a longos directos nas nossas televisões, com responsáveis políticos que prometem aplicações para terremotos ou coisas parecidas mas depois não se responsabilizam por nada.

Adiante: sábado foi dia de eleições no Benfica, e o “alerta vermelho” estendeu-se a todo o país e todos os canais, com horas seguidas de emissões em directo na rua ou em estúdio dos canais de informação e intermináveis aberturas de telejornais nos canais abertos. Tudo isto poderia ter sido um sinal da grandeza do Benfica como instituição, mas acabou por revelar-se um sinal da pequenez das nossas televisões, com a habitual síntese de informação a ser substituída por um enche-chouriços sem escala.

“O Benfica nunca perde, os outros às vezes é que ganham”, arrogou-se um sócio do Benfica entrevistado no dia de eleições do clube, pela, salvo erro, RTP Notícias. É tudo uma questão de perspectiva ou, se preferirmos, negacionismo. Logo a seguir, um outro sócio flagrado pelo directo na Casa do Benfica em Paredes, não conseguiu fugir ao óbvio: “Não sei se isto está a ser transmitido em directo ou não, se estiver em directo é um problema, é que eu disse à minha mulher e aos meus filhos que tinha um compromisso familiar, se me estiverem a ver que me desculpem mas o Benfica está acima de tudo”. Ainda hoje estamos a tentar saber se a mulher nesse dia lhe mudou a fechadura da porta de casa ou não.

No pluvioso dia das eleições do Benfica, uns intrépidos cidadãos cometeram o despautério de se ir manifestar para as ruas de Lisboa e chamar a atenção dos canais de televisão para “outras preocupações” do mundo real. Não estou a........

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