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Saturno e a lentidão

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Para quê continuar a iludir-me? Nos quinze dias de férias do ano passado não consegui nem de perto nem de longe ler um livro inteiro. Por maioria de razão, este ano, em que iria ter apenas uma semana de descanso, não valia a pena viajar com um saco cheio de livros como se fosse instalar-me durante um mês numa ilha deserta sem nada para fazer.

Assim, ao contrário do que é hábito, nem me dei ao trabalho de perder tempo com grandes escolhas.

Talvez já tenha escrito aqui que os livros que levo para as férias preenchem normalmente três requisitos: estão escritos em português, contam uma história e não têm notas de rodapé. A estes três podemos juntar um quarto: o de serem livros que nunca abri, para lhes ficar associada uma sensação, por assim dizer, de frescura.

Mas nestas férias, pelo contrário, limitei-me a pôr na bagagem o livro que andava a ler nas últimas semanas: um denso e pesado calhamaço em francês sobre o não menos denso e pesado tema das relações entre Saturno (o planeta, mas também o deus do panteão greco-romano) e a melancolia, assinado por três académicos germanófonos do século passado.

Creio que o vi pela primeira vez em 2008, numa livraria parisiense de livros usados, mas a escolha era tanta e o meu orçamento na altura tão pequeno que........

© Jornal SOL