A arte a jogar às escondidas com a vida
Na página 98 da minha edição de Art & Illusion (Arte e Ilusão), o historiador de arte Ernst Gombrich conta um pequeno episódio passado no ateliê de Henri Matisse. Uma senhora que ali estava de visita, possivelmente uma cliente, olhando para uma das pinturas, comentou: «Certamente reconhecerá que o braço desta mulher está demasiado longo…». O pintor não se atrapalhou minimamente. «Minha senhora, deve estar equivocada. Isto não é uma mulher, é uma pintura». E, como pintura que era, o criador podia conceder-se a liberdade de fazer o braço com o comprimento que bem entendesse.
A arte – pelo menos a figurativa – moveu-se sempre numa espécie de jogo de escondidas com a vida. O pintor romântico suíço Johann Heinrich Füssli também brincou com esta confusão entre arte e realidade quando notou que só de olhar para as paisagens de John........
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