Recrutar e reter nas Forças Armadas – um desafio maior!
“Há uma coisa que eu digo sempre às minhas estruturas de recrutamento: que não andem à procura dos cidadãos que não existem. Temos de perceber a juventude do nosso país. Temos de saber chegar à juventude do nosso país e temos de saber recrutá-la. Mas depois de os recrutar, também temos de os saber reter. (…) não vale a pena queixarmo-nos de que eles não aguentam estar longe do telemóvel. São assim. Temos de ter mais progressividade nas coisas. (…) Há os que andam mais depressa e há os que andam mais devagar. Isto é, do ponto de vista cognitivo, intelectual, da apreensão, os jovens estão muito mais capazes. Mas do ponto de vista físico, nós já sabemos que estão atrás. Precisamos de mais tempo para lhes dar as condições físicas”, salientava o General CEME em recente entrevista a um jornal nacional, uma análise realista sobre os desafios do recrutamento e retenção de jovens no Exército, que se assume semelhante nos demais Ramos das nossas Forças Armadas (FFAA).
Esta afirmação reconhece duas realidades incontornáveis: a juventude de hoje tem características diferentes das gerações anteriores, e a adaptação das FFAA a esta nova realidade é essencial para garantir a sua continuidade e eficácia, sobretudo num momento em que os desafios geopolíticos para a Europa são de uma inesperada e grave dimensão.
A ideia de que não se deve procurar um “cidadão que não existe” é um ponto crucial. As estruturas de recrutamento têm de abandonar a idealização de um perfil de recruta que já não corresponde à realidade demográfica e muito menos ao ambiente social do país. A juventude atual tem outras motivações, outra relação com a autoridade, com a tecnologia e com o esforço físico, e ignorar isso conduz a frustrações, dificuldades no preenchimento e na retenção dos quadros e tropas das FFAA. Para além de recrutar é necessário reter e isso obriga a condições que incentivem os jovens a........
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