Procuro os meus donos
É Julho, depois Agosto, e como todos os anos, há pessoas cujas férias começam por abandonar o seu cão num bosque, numa estrada, num descampado qualquer, com o bichinho a tentar perceber o que vai ser da sua vida: morrer, fazer-se selvagem?, coisas dessas em que um cão nunca pensou. Agora lembrei-me de um caso há anos e de um cão, o Poli, em que se deu o caso contrário. A mulher do senhor António garantiu em tribunal que esteve dez dias a chorar, sem pausas, quando o Poli foi fazer chichi e desapareceu.
– Eu tenho-o desde os dois meses dele, disse ela. É um serra-da-estrela puro. Faz oito anos agora.
O senhor António tinha-o largado às dez da manhã e ficou à espera. À noite, o Poli não regressou e a vida deles transformou-se, por assim dizer, numa vida de cão.
– Fui a todo o lado, aos canis, à polícia, aos bombeiros. Nada… Dez dias!
Já pensava em desgraças quando........
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