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O efeito da megaoperação do Rio nas eleições de 2026

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No roteiro idílico idealizado pelo PT e por seus aliados, estava tudo muito bem encaminhado: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiria com a concessão de benesses sem lastro à população de baixa renda, continuaria a se recuperar nas pesquisas de popularidade e pavimentaria a sua reeleição em 2026, dada como favas contadas por boa parte de sua claque.

Mas eis que, de repente, com a megaoperação policial deflagrada na semana passada contra o Comando Vermelho (CV) pelo governo do Rio de Janeiro, a questão da segurança pública ganhou os holofotes, alterando de forma significativa o cenário dos sonhos imaginado por Lula, pelo PT e por seus satélites para a disputa eleitoral do ano que vem.

Se há um tema do qual os caciques e a militância petistas costumam fugir como quem foge da cruz, é a segurança pública – uma área tradicionalmente desconfortável, para dizer o mínimo, para o PT e para a esquerda de forma geral. E tudo o que eles não queriam era que a questão, em geral uma bandeira da direita, passasse a pautar o debate nacional e se tornasse um tema central da campanha. Ainda mais num contexto em que a afirmação de Lula, de que “os traficantes são vítimas dos usuários”, feita apenas uma semana antes da ação policial no Rio, já havia gerado estragos que serão difíceis de superar, apesar dos esforços do Palácio do Planalto para tentar deixar o assunto para trás.

Embora apareça no topo da lista das preocupações da população, atingida pela criminalidade crescente que assola o país, a segurança pública nunca foi uma prioridade para a esquerda. Ao tratá-la como uma “questão social”, decorrente da “desigualdade” existente no país, e não como uma chaga que atinge toda a sociedade e exige ações enérgicas do poder público para enfrentá-la, a esquerda acaba deixando o campo aberto na área para a oposição “nadar de braçada”, como se diz por aí.

Tudo indica que a segurança pública será um tema central na campanha de 2026, com potencial para mudar o jogo eleitoral que se desenhava até agora. E, no debate sobre a questão da segurança, Lula, o PT e os seus satélites já saem com 'dois corpos atrás', como se diz no jargão do turfe

Pego de surpresa pela operação contra o CV no Rio, embora a Polícia Federal tenha sido informada com antecedência sobre a sua realização e optado por ficar fora dela, Lula demorou a se posicionar em relação aos acontecimentos. Oficialmente, o governo deu uma desculpa esfarrapada, alegando que o avião presidencial estava sem internet na volta de sua viagem à Ásia, impedindo-o de acompanhar o caso durante o percurso. Mas, depois dos danos causados à sua imagem pela vitimização dos traficantes, o mais provável é que Lula tenha procurado ganhar tempo antes de se pronunciar sobre o caso, ciente de que qualquer novo........

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