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Opinião | Ser músico no Brasil é uma resistência heroica

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Coluna semanal do historiador Leandro Karnal, com crônicas e textos sobre ética, religião, comportamento e atualidades

Coluna semanal do historiador Leandro Karnal, com crônicas e textos sobre ética, religião, comportamento e atualidades

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Victor Hugo disse que a música é o barulho que pensa (La musique, c’est du bruit qui pense). Uma composição musical tem o dom de arrancar a consciência de um lugar e fazer você experimentar coisas complexas demais para serem definidas por palavras. Posso usar adjetivos ao encarar uma sinfonia bonita: “sublime”, “magnífica”, “intensa”... Tais palavras podem ser verdadeiras. Porém, o que se passa no diálogo entre quem escuta bem e as notas está no campo impossível de tradução. O imenso silêncio interior de cada um encontra uma melodia e se queda extático, entre o prazer e o estupor. As “criaturas de Prometeu” (como escreveu Beethoven): somos estranhos, perversos por vezes, mas abertos à possibilidade do sublime. Quando fazemos e escutamos música, encontramos o curso das esferas celestes e a linguagem epifânica que nos faz levantar os olhos do barro do mundo.

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Ser músico no Brasil é um gesto estético e também uma resistência heroica. A formação é longa, o público oscila e o mercado, complexo. Se o músico ainda indicar que seu campo é o erudito, os desafios podem ser maiores.........

© Estadão