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Nostalgias e os irmãos de Murças

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Num tempo em que ressurgem slogans que invocam a nostalgia de Salazar, é justo lembrar duas figuras que, partindo da mesma vila transmontana e de origens humildes, construíram a sua vida contra a ignorância e o medo: António Borges Coelho e José Luís Borges Coelho. Ambos nasceram em Murça, ambos viveram a pobreza digna das famílias de lavradores e pequenos funcionários, e ambos fizeram da cultura o seu caminho de libertação.

Antes do 25 de Abril, Portugal era um país de barreiras sociais pouco transponíveis. Na vila, ainda se comentava com escândalo o facto de o jovem António, “filho de gente pobre”, ter entrado na universidade – um gesto quase subversivo num tempo em que os “doutores” pareciam ser monopólio dos poderosos e dos seus submissos. A mobilidade social era suspeita; a inteligência, perigosa. Mas foi precisamente essa desobediência silenciosa – estudar, pensar, escrever – que marcaria o resto da sua vida.

António Borges Coelho, nascido em 1928, foi historiador, professor catedrático e resistente político. Preso pela PIDE, viria a tornar-se um dos nomes maiores da historiografia........

© Diário do Minho