Visão do Correio: machismo também leva à baixa fecundidade
A queda histórica na taxa de fecundidade no Brasil, detalhada na semana passada pelo IBGE, desperta debates sobre temas como o envelhecimento acelerado do país, a ruptura com a cobrança social pela maternidade, a consolidação do planejamento familiar e o aumento do grau de escolaridade entre as mulheres. Como todo o fenômeno complexo, as possibilidades de análises são diversas. E a perspectiva considerando a relação desigual entre gêneros precisa ser uma delas. Em um país estruturalmente machista, decidir não ser mãe ou ter poucos filhos pode ser também uma questão de sobrevivência.
Se não, como se manter em um mercado de trabalho avesso à maternidade? Não faltam estudos indicando uma taxa de demissão significativa — que deixaria qualquer especialista em alta rotatividade empresarial sem sono — entre as mulheres que voltam da licença-maternidade. Famosa pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) intitulada Mulheres perdem trabalho após terem filhos revela que, depois de 24 meses do afastamento garantido por lei, metade delas sai do mercado.
Quando não são demitidas, sucumbem a dificuldades como falta de creches, de flexibilidade no horário........
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