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Uma Justiça de Vera

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11.07.2025

Roberto Tardelliadvogado criminalista, procurador de justiça aposentado (MPSP), integrante do grupo Prerrogativas

Há momentos em que nossas falácias são trazidas a público, nossos medos são expostos em varais esturricando ao sol, nosso patriarcalismo expulsa as crianças da sala e se embebeda do vinho extraído às veias de quem sempre explorou.

No banquete dos bem-servidos, todos sabem comer com as regras de etiqueta, ainda que o prato seja o mesmo que devoram muito antes que o samba se tornasse samba. Nessa mesa ilustre, os donos do capital até admitiriam, é divertido, que as sobras fossem levadas ao pessoal da cozinha, mas se aterrorizam quando percebem que a mesa foi invadida por alguém que jamais se consentiu, pudesse ali se sentar. É muito atrevimento que aquela que sempre foi parte da massa de manobra nas eleições quisesse, ora essa, julgar as próprias eleições, de que sempre foi escorraçada. São todos ali a favor do voto, desde que seja nos mesmos, nos de sempre.

Que mulher é essa que os desafia, sem abdicar de sua candura? Que mulher é essa que tem o destemor de olhar nos olhos dos seus pares e desconsiderar toda a diferença ali existente? Que mulher é essa que não se consegue encontrar nenhuma nódoa em sua vida? Que mulher é essa que rompeu a cozinha e dominou a sala de estar? Que mulher negra é essa que nos ensina a dignidade? Que mulher preta é essa que possui notável saber jurídico, que traz repertório de atuação, que tem história e históricos? Que mulher negra-preta é essa que atingiu a........

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