Era uma vez uma tentativa de golpe
Durante a semana, o Brasil assistiu a uma série de depoimentos sobre a mais grave ofensiva contra a ordem democrática desde a redemocratização do país. Do Supremo Tribunal Federal para o mundo, em transmissão ao vivo, generais da reserva, ex-ministros, auxiliares e o próprio ex-presidente da República foram chamados a responder, não apenas a perguntas, mas à História. E o que se viu foi a exposição inequívoca de uma tentativa de golpe de Estado que, embora tenha sido um fiasco, não foi menos real ou menos perigosa.
A trama, arquitetada nos bastidores do poder e nas sombras do fanatismo ideológico, não surgiu por acaso. Ela é herdeira de um país onde setores das Forças Armadas, partidos conservadores e grupos empresariais, em diferentes momentos da história, conspiraram contra a soberania popular sempre que o resultado das urnas contrariou seus interesses. A diferença, agora, é que a tentativa golpista foi escancarada e transmitida em tempo real pelas redes sociais, alimentada por discursos de ódio e legitimada por um político derrotado que jamais aceitou a alternância de poder, uma das regras básicas da democracia.
Os depoimentos revelaram aquilo que já vinha sendo denunciado com insistência por setores democráticos. Bolsonaro não apenas cogitou, mas........
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