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O valor invisível do que sustentamos

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21.12.2025

Há uns tempos, numa instituição bancária, durante uma mera atualização de dados, fui questionada sobre as minhas habilitações literárias e, posteriormente, sobre a profissão. Prontamente, respondi “mestrado” e expliquei que estava “entre profissões”, por estar, neste momento, a ajudar no negócio de família. Do outro lado, senti uma pequena hesitação – quase como se a expressão fosse estranha ao atencioso funcionário que me atendia e, simultaneamente, “inválida” para o sistema informático. Ainda assim, perguntei quais eram as opções disponíveis. Com toda a naturalidade, respondeu: “Vou colocá-la como dona de casa.”

Dona de casa. A expressão ficou a ecoar-me por instantes. Era apenas a opção com mais sentido disponível no sistema informático do banco e com nenhum sentido para mim. Não era “só” uma questão de etiqueta burocrática. A minha identidade, o meu percurso, as horas de estudo e trabalho e o esforço pareciam ter sido apagados por aquele “dona de casa”.

Anos a estudar Economia e o banco decide que a minha função principal é “dona de casa”. Ora, até faz sentido! Se o significado etimológico de economia é “administração de uma casa”, então sinto-me a exercer a profissão com o devido rigor académico.

Ainda assim, fiquei a pensar no que teria acontecido se eu fosse........

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