Pim! Pim! Pim!
Os que ainda se dão ao trabalho de ligar a televisão nos dias que correm saberão bem do que vou falar agora. É daquele refrão que ressoa em todos os canais de notícias. De meia em meia hora. Aquele eco cadente, monocórdio, como um velho relógio de parede ou um alarme avariado: extrema-direita, extrema-direita, extrema-direita. Um Pim! Pim! Pim! que badala. Como um pêndulo. Sem contradança.
Em tempos, as crianças tinham medo do lobo mau. Hoje têm medo de um homem engravatado que diz umas coisas num comício. Ou de um sujeito de cabelo rapado a segurar uma bandeira (céus, uma bandeira). São os novos monstros. E o que pode um pai perante isso? Vê-se, inevitavelmente, forçado a apagar o mapa antigo da infância: aquele pequeno território onde ainda viviam o Pai Natal, o Robin dos Bosques e a Alice. E tem de dizer ao filho, com toda a calma possível, que os monstros não existem. Sabendo que isso não é bem verdade. Coitado do filho. Coitado do pai.
Veja-se o caso seguinte.........
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