Ser escritor: mais chatices ou mais glamour?
José Eduardo me escreve contando suas fantasias sobre o dia a dia de um escritor. Leitor de John Fante desde a adolescência (eu também!) diz que sempre se imaginou angustiadíssimo, bebendo uísque, em um apezinho no centro, com as paredes lotadas de livros. Nas festinhas ele seria misterioso e inatingível e todas as moças o desejariam. Daí José Eduardo chegou aos 65 anos sem nunca publicar um livro. Não se tornou, pelo menos até agora, um escritor. E quer saber se a minha vida de escritora tem mais chatices ou mais glamour.
Glamour não é uma boa palavra para definir a rotina de quem escreve. O escritor, sobretudo o brasileiro, vai precisar atirar para muitos lados caso tenha como meta o mínimo de conforto. Eu também sou roteirista, redatora, resenhista, apresentadora, palestrante, podcaster, videocaster e até umas publis estranhas acabo fazendo. A lógica é burra: tenho dez empregos para poder sustentar a minha carreira literária, mas não entrego um livro há cinco anos.
Uma coisa pentelhíssima na vida de todo escritor: o amigo dele que tem um primo que tem um conhecido que tem um livro horroroso e precisa de ajuda. Todo mundo acha........
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