Única coisa boa do bolsonarismo é dar nome ao horror indizível
Uma vez trabalhei com uma mulher que eu não suportava. Ficava em busca de uma definição perfeita que me salvasse de cair no clichê "nosso santo não bate". Ela tinha uns 37 anos e ainda morava com os pais num desses condomínios fechados cercadinho vip. Na hora de pedir um bife, ela dizia "BIFEM". Bi-femmm. Bih-fe-mmm. E isso me causava um tipo de comoção odiosa, uma bile em chamas que tomava todo o meu corpo.
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A mulher namorava um coxa-bolha de nome Fábio –que ela chamava de Fabioam. Fah-bio-ammm. E eles sempre estavam com pulseiras vips em festas vips em barcos vips. Pulseirammms, festammms e barcoammms vipeammms. Ela falava desse jeito, e eu tinha vontade de um dia perguntar: "Esse jeito que você fala é o quê? É que língua, meu anjoammm?". Mas só de chegar perto da Bifem eu começava a bocejar e sentia vontade de me deitar no chão e colocar as pernas para cima. Bifem devia achar que seu "poder" nos enfraquecia. Contudo, o que ela causava, em mim e em outras mulheres da empresa, era uma absoluta vertigem de desprazer. A pressão caía.
Isso tem uns 20 anos. Era uma época horrível, em que não se falava ainda em sororidade. Então eu me sentia bastante à vontade........
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