Mentiras de Trump são desafio à razão
Escritor e jornalista, autor de "Escrever É Humano" e "O Drible"
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O discurso de Donald Trump na ONU chamou mais atenção no Brasil pela surpresa do aceno simpático a Lula, o que é natural. No entanto, seus traços mais marcantes foram os teores vertiginosos de mentira e egolatria, elementos presentes em doses iguais numa paráfrase como esta: "Esqueçam as Nações Unidas. Eu, Donald, sou a solução dos problemas do mundo".
Além de ser o maior torpedo já lançado contra a ordem mundial do pós-Guerra, presente de grego no aniversário de 80 anos da entidade, a fala do presidente americano —que teve quatro vezes a extensão pactuada com os chefes de Estado, o que é parte calculada da banana dada às regras multilaterais— é emblemática da armadilha de linguagem em que o mundo caiu.
Em 2016, quando Trump se elegeu pela primeira vez, o dicionário Oxford escolheu "post-truth" (pós-verdade) como palavra do ano, nome de uma nova era que começava. Houve quem não gostasse, vendo naquilo um eufemismo gourmet para a velha mentira, que nunca esteve em falta na política.
Nove anos depois, multiplicam-se as evidências de que, se "pós-verdade" podia não ser a melhor escolha vocabular, uma nova fase da história começou de fato naquele momento. Uma fase que chega a uma perigosa apoteose no segundo........
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