Mulheres e negros ainda são minoria na escalada do Brasil
O Censo da Escalada 2023, que acaba de ser divulgado pela Abee (Associação Brasileira de Escalada Esportiva) traz zero surpresas para quem conhece os caminhos das roças, trilhas e montanhas do país. Segundo apurado pela entidade, 70,7% dos praticantes do esporte são brancos, 67,3% são homens e 86,4% são das regiões sul e sudeste.
"É, já era de certa forma esperado", admite Neudson Aquino, porta-voz da Abee, conjeturando que a predominância regional pode se dever ao fato de seus estados terem recebido mais imigrantes de países europeus com maior cultura de montanhismo.
"Agora, a predominância do homem branco", acrescenta, "tem duas questões, que são o fato de se ter a noção, na comunidade, de que o homem é mais forte, logo mais apto para a escalada, de um lado, e que, por ser um esporte um pouco caro para se começar, acaba por afastar pessoas de renda mais baixa, o que afeta mais os negros".
Que o diga a montanhista Aretha Duarte, primeira mulher negra latino-americana a chegar ao cume do Everest, em 23 de maio de 2021. Ela, que precisou fazer uma vaquinha virtual que a levou até ao quadro The Wall do programa do Luciano Huck para realizar seu sonho de escalada.
Ela contou à Folha que, ao completar sua façanha, que apesar da badalação dos últimos anos, ainda é para poucos, teve retorno positivo de coletivos de mulheres e homens negros que praticam atividades ao ar livre, felizes porque ela os representava no topo do mundo. "Até meu bairro na periferia, o Jardim Capivari, finalmente entrou no mapa", afirmou.
Entretanto, dois anos depois, a representatividade das mulheres negras ainda é irrisória, pelo que se........
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