menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O que acontece com o amor que sentimos quando o coração para de bater?

6 0
29.07.2025

É publicitária, escritora e produtora de conteúdo. Autora de "E Se Eu Parasse de Comprar? O Ano Que Fiquei Fora da Moda". Escreve sobre moda, consumo consciente e maternidade

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

benefício do assinante

Você tem 7 acessos por dia para dar de presente. Qualquer pessoa que não é assinante poderá ler.

benefício do assinante

Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha.

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Desde pequena que tenho um medo enorme da morte. Lembro de passar noites em claro, convicta de que não passaria dos 15 anos, idade que teria na chegada do ano 2000, o ano do bug, do apocalipse, dos aviões caindo dos céus, da sociedade entrando em colapso. Não pisquei durante toda a noite daquele Réveillon. Deitada na cama, embaixo das cobertas, ouvi os fogos estourarem como bombas e confundi os gritos de alegria, com outros, de desespero. Já era de manhã quando, ainda viva, me entreguei à exaustão e, ao acordar, abri a janela e suspirei aliviada, percebendo que o mundo ainda estava ali.

O não fim do mundo, infelizmente, não significou o fim do meu medo da morte. O medo continuou lá intacto. Tive apenas que mudar a causa do meu falecimento, já que o planeta parecia momentaneamente a salvo (bons tempos). Sigo, desde então, apavorada de não estar mais aqui, neste plano que está longe de ser perfeito, mas que já me é conhecido.

Passei muitos anos sem dividir meu medo do fim com ninguém. Se eu contasse, diriam que era pra não pensar sobre isso. Mas basta alguém falar pra gente não pensar na cor azul que os olhos da mente passam a ver azul em todo lugar.

Por outro lado, nunca falaram de morte comigo. Lá em casa ninguém era religioso, pelo contrário, meu pai se define até hoje como........

© UOL