'Deus é brasileiro', me garantiu Francisco
Jorge Bergoglio tinha acabado de assumir o pontificado e estava fazendo sua primeira viagem, justamente ao Brasil. No avião entre Roma e o Rio de Janeiro, em julho de 2013, o papa Francisco causou um assombro ao aparecer para embarcar levando sua própria mala de mão, rejeitando a ajuda de seus assessores.
Lembro-me de estar já dentro do avião e ver, pela janelinha, aquela cena. Pensei: "começamos muito bem".
Instantes depois da decolagem, já em pleno voo, Francisco deixou a ala reservada do avião da Alitalia e veio ao setor onde estavam os jornalistas e outros passageiros que fariam parte da missão. Não era minha primeira viagem com um papa. Mas aquela seria radicalmente diferente.
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Com seu sorriso e sempre uma palavra de acolhimento, Francisco pediu para saudar cada um de nós. Com o papa Bento 16, o protocolo para encontrá-lo exigia que estivéssemos de gravata, que beijássemos seu anel e que ele seria quem nos dirigiria a palavra. Não o contrário.
Com Francisco, nada disso existia. Quando chegou minha vez, me apresentei e ele, ao entender que eu era brasileiro, me disse:
"Sabe que o papa é argentino. Mas vocês brasileiros podem ficar tranquilos. Sabe o motivo? Deus é brasileiro", e soltou uma gargalhada.
Em muitos aspectos, foi no Rio de Janeiro que o mundo descobriu o que o papa pensava e como agiria. Em uma semana no Brasil, Francisco esclareceu seus planos para a Igreja, reconheceu as "incoerências" da instituição e não deixou de criticar os sacerdotes e bispos. Os recados à sociedade também foram fortes. Aos jovens, os alertou que não poderiam "lavar as mãos" diante dos problemas atuais do mundo e precisavam agir. Também os convocou para serem missionários.
Às classes dirigentes e aos........
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