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Reflexões sobre o juro alto no Brasil

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Não há dúvida de que os juros praticados no Brasil são elevados. Desde a adoção do regime de metas à inflação, em 1999, a substituição da antiga âncora cambial pela responsabilidade fiscal funcionou. Mas a um custo bastante alto: o uso ostensivo do manejo da taxa de juros de curto prazo, a Selic.

Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. Em termos reais, trata-se de um juro real ao redor de 10,5%. Esse patamar é alto ou baixo?

A teoria econômica fornece elementos para essa avaliação. A chamada taxa neutra de juros é a referência a servir de apoio. Juros inferiores a essa taxa implicam uma política monetária expansionista, que estimula a economia. Taxas superiores, ao contrário, representam uma situação de contração.

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O próprio Banco Central calcula a taxa neutra. O patamar considerado é de 5% ao ano em termos reais. Outros economistas divergem e estimam valores superiores, cabe constatar. Como se vê, os 10,5% estão bastante acima desse patamar dito neutro, por não frear ou estimular a economia. Pelos dados da Anbima para a ETTJ (Estrutura a Termo da Taxa de Juros), os juros reais precificados para daqui a um ano, um ano e meio e dois anos estão, respectivamente, em: 9,4%, 8,7% e 8,4% ao ano.

A saber, a ETTJ permite avaliar os juros efetivamente praticados pelo mercado nos títulos públicos com vencimentos diferentes. Dito de outra forma, é como se pudéssemos avaliar a expectativa dos agentes econômicos por meio da remuneração de cada um desses papéis. Há, ainda, prêmios embutidos relativos ao risco vislumbrado para cada prazo.

Obviamente, esses cenários implícitos nas decisões dos compradores de títulos se movimentam de acordo com a perspectiva para a inflação e a Selic. Por exemplo, se acreditam que o Banco Central promoverá uma redução dos juros, ao longo de determinado período, as taxas praticadas tenderão a ser menores, sob condições de inflação controlada.

As três taxas que selecionei acima, para um prazo de até dois anos, evidenciam patamares bastante superiores à taxa neutra. A aposta, portanto, é que a política monetária seguirá contracionista, ao menos na fotografia deste momento. Essa dinâmica faz sentido, do ponto de vista do controle da inflação?

As projeções do Banco Central para o........

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