A pretensão de correr 42 km aos 82 anos pode sugerir insanidade mental
Médico cancerologista, autor de “Estação Carandiru”
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Berlim é uma cidade instigante, capital intelectual de uma cultura que deu ao mundo músicos, escritores, filósofos, pintores, matemáticos e hordas de cientistas que revolucionaram as artes e o conhecimento científico. Além de tudo, foi palco das maiores tragédias do século 20.
Nascido durante a Segunda Guerra Mundial, no Brás, bairro operário de São Paulo, passei os primeiros dez anos entre imigrantes italianos, portugueses e espanhóis que fugiam da guerra e da fome, em busca de paz e trabalho nas fábricas da vizinhança. Morávamos em habitações coletivas, com os quartos dispostos ao longo do corredor de entrada, separados das cozinhas, do tanque, do banheiro comunitário e dos varais com roupas penduradas.
Depois do jantar, quando as cadeiras vinham para o lado de fora, eu sentava na calçada para ouvir as conversas dos homens. Minha imaginação infantil foi povoada por bombardeios, baionetas corpo a corpo, saraivada de balas, Hitler, nazismo, fascistas, Mussolini enforcado. Como podiam se queixar de saudades da terra natal, cenário daquelas atrocidades?
Quando visitei Berlim pela primeira vez, era uma cidade com um muro que separava dois mundos: o ocidental, sob a jurisdição de americanos, franceses e ingleses, e o oriental, comandado pela antiga União Soviética. As paredes da cidade inteira exibiam buracos de bala.
A pretensão de correr 42 km aos 82 anos pode sugerir insanidade mental. A julgar pelos........
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