O juiz mais gentil do mundo
Advogada, escritora e dramaturga, é autora de 'Caos e Amor'
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A lei é como uma régua rígida aplicada a uma superfície curva: inevitavelmente haverá pontos em que não encaixa. Ajustá-la às singularidades pessoais não destrói sua força, mas cumpre sua intenção mais profunda.
Aplicar a lei com equidade ("tratar desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades") não é se desviar dela, mas uma forma de regulação. É um gesto de flexão, o movimento que dá à Justiça a sua maleabilidade, permitindo que a norma, sem se trair, reencontre o humano que pretendia proteger.
Esse princípio encontrou expressão viva no juiz Frank Caprio. Sua morte recente, aos 88 anos, deixa um vazio, mas também um legado que deveria fazer parte do currículo obrigatório nas faculdades de direito — e do coração de todos os magistrados.
Caprio defendia que a Justiça só é completa quando temperada pela humanidade. Conhecido como "o juiz mais gentil do mundo", tinha o dom e a sabedoria de encontrar o espaço invisível que existe entre a letra rígida e o espírito da lei —o ponto exato onde se encontra a verdadeira Justiça. Fazia isso de forma quase pedagógica, durante décadas, diante das câmeras.
Em um dos vídeos mais comoventes, Caprio dá a palavra a um homem de 96 anos, multado por excesso de velocidade. O idoso explica que cometeu a........
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