Sósias da liberdade (ou: sim, a direita também celebra o 25 de Abril)
Comemorar os 50 anos do 25 de Abril. Uma liturgia de liberdade: é por a liberdade ser perenemente frágil que ela deve ser celebrada; é por vermos esbracejarem fantasmas frescos que a podem hipotecar, num retrocesso que agita pesadelos, que festejamos a liberdade; é por causa dos 48 anos amordaçados que a conquista da liberdade não pode cair no esquecimento. Celebramos a liberdade porque é um mito que cimenta a pertença a uma comunidade de valores políticos. Celebramos a liberdade porque a prezamos como esteio da comunidade política e porque temos medo do seu contrário. A emergência de forças populistas que ameaçam sequestrar a liberdade (se é que já não a sequestraram em parte) reforça o desejo de comemorar o 25 de Abril.
Ser pela liberdade também é ser contra o maniqueísmo. A liberdade é multidimensional. Há a liberdade política, a liberdade de pensamento, a liberdade de expressão, a liberdade para discordar. Que fique bem entendido: defenda-se a afirmação de ideias e a exposição de posições sobre um determinado assunto, mesmo que consideremos que não são defensáveis ou que distorcem a (nossa) validação dos factos. Esta advertência serve para não excluir nenhuma – insisto: nenhuma – opinião, posição e ideia sobre a interpretação da revolução de 1974, de quem a tutela e quem tem legitimidade para a celebrar.
Ser pela liberdade é também ter o direito de discordar de opiniões diferentes das nossas sem ser enjeitado pelo exercício do direito à diferença. Entre certos sectores que se julgam tutores do 25........
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