Ucrânia: não brinquemos com a paz
A paz voltou a ser tratada como figura de retórica. Entre a fadiga das democracias e o cálculo das potências, o mundo volta a brincar com o que devia ser sagrado: a promessa de que a lei prevalece sobre a agressão.
Desde 1945, as nações vivem sob o consenso vital de que as fronteiras não se alteram pela força bruta e a ocupação não confere soberania. Estes princípios não são cláusulas decorativas, mas a fronteira moral entre a ordem fundada em normas e o poder sem freio. Em 1975, a Acta Final de Helsínquia reafirmou esse pacto, feito de fronteiras invioláveis, de não-agressão e de responsabilidades partilhadas, assim consolidando a única promessa credível de paz.
Esse legado, concebido para que a lei jamais se curvasse perante a violência, sucumbiu na Ucrânia perante a invasão russa, pondo à prova todo um sistema. Vieram, então, à luz as lideranças que definem o seu destino e com elas, formas distintas de exercer o poder e cumprir o direito: a cautela que hesita, a força que se exibe, o tempo que desgasta, a resistência que persiste.
Biden, cujo mandato assinalou o último reduto de temperança antes da deriva actual, governou qual guardião de uma ordem exaurida. Procurou restaurar a coerência do pós-1945, reconstruindo alianças, fornecendo previsibilidade às decisões e fazendo do tempo um instrumento de lucidez e não de capitulação. A prudência teve, contudo, um preço. Cada atraso na entrega de meios críticos, cada incerteza entre a dissuasão e a escalada abriu brechas por onde o agressor respirou. A lei transformou-se em eco, ainda audível, embora destituído de efeito.
À moderação sem impulso seguiu-se o impulso sem moderação. Trump........© PÚBLICO





















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