Pagar bilhete para entrar em casa
Pela primeira vez na vida tive de pagar 7,50 euros para entrar no Castelo de São Jorge, um sítio que sempre foi meu, que visitei desde criança, passagem em todas as épocas do ano e a todas as horas do dia. Sempre lá estive. Tive de pagar não por obrigação, podia ter esperado que isto se resolvesse em tribunal, como o senhor do balcão me disse: “Espere, a EGEAC é contra e quer reverter isto”. Mas paguei porque tinha grandes amigos que vieram de longe para conhecer o lugar que sempre quis mostrar, onde tantas vezes fui feliz. Entrei, mas entrei indignado. E essa indignação leva a uma questão maior: o direito à cidade.
Hoje, quem entra no castelo vê sobretudo turistas. E não é surpresa: aquele bairro já não tem vizinhos, tem alojamentos locais. Já não tem mercearias ou cafés de bairro, tem lojas de souvenirs e tuk-tuks à porta. A autenticidade foi sendo varrida pouco a pouco, não de repente, mas ao longo de anos em que se deixou degradar o que era de todos e se entregou tudo ao negócio. A Baixa e Alfama tornaram-se montras, onde o comércio........
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