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O silêncio do Mustafah chegou com o medo

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O Mustafah tinha 5 estrelas na aplicação do Uber. Na fotografia, um homem moreno, com as barbas compridas e olhar escuro, fez-me hesitar por segundos, como me faria vacilar outro homem, independentemente da origem ou cultura (as mulheres entenderão). Mas entrei no carro e não nego que senti medo do nada. Ele não disse “boa tarde”. O Mustafah só queria trabalhar. E eu, que me achava imune aos discursos de ódio, percebi que o medo já vinha no banco de trás. No silêncio dele, estava também receio. Não do trânsito, nem de mim, mas do que a cor da sua pele, as suas vestes, representam para os outros. O Mustafah só quer trabalhar e existir em paz. E o estranho silêncio que guiou o nosso caminho todo serviu para refletir que mesmo gritando que estamos imunes ao discurso de ódio propagado pelo Chega, estamos a ser contaminados, qual gripe.

Dizemos que não somos ‘cheganos’,........

© PÚBLICO