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Ao meu amigo Fazal

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26.06.2025

Caro Fazal,

Escrevo-te estas linhas impelido por uma vergonha que não me larga — a vergonha do que estão a fazer-te neste país que, até há pouco, julgávamos plural e acolhedor.

Dei-me conta de que a nossa amizade já conta com quase oito anos. Conhecemo-nos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, quando foste meu aluno no Instituto de Cultura e Língua Portuguesa. No final do semestre, tive o privilégio de conhecer melhor a tua comunidade — os Ahmadi — e o seu inaudito compromisso com a Paz, precisamente por ser essa a condição que vos é negada no Paquistão. É precisamente por isso que me custa tanto assistir ao que te está a acontecer. Ver-te a ser tratado com suspeita, reduzido a um número ou a um estereótipo, não é apenas um erro: é uma injustiça. E é também um sinal do que está a falhar colectivamente.

Aprendi contigo que os Ahmadi, sendo uma expressão dissidente do Islão — como se pudesse haver ortodoxia na relação íntima de cada ser com o divino — são brutalmente perseguidos no Paquistão. Relatas-me frequentemente atentados, destruições de mesquitas, linchamentos públicos — uma violência cega e sistemática.

© Observador