A fábrica do irreal
“A imagem é para o analfabeto o que as letras são para os que sabem ler”. Este pensamento do Papa Gregório Magno data do século VI, quando os vitrais e os frescos das igrejas funcionavam como catecismos visuais. A imagem era pedagógica instruindo quem não dominava a leitura. Era o livro dos iletrados. Hoje, paradoxalmente, a situação inverteu-se. Somos uma sociedade alfabetizada, mas alienada dos livros. A imagem voltou a ocupar o lugar central, mas agora como meio de manipulação e não como instrumento de instrução. Só que desta vez não transmite apenas ideias: fabrica realidades. As imagens já não precisam de ser destruídas para desaparecerem: basta fabricá-las. Este é o paradoxo do nosso tempo. Se antes se queimavam livros ou se tapavam figuras, hoje basta um algoritmo para substituir um rosto, alterar um discurso, criar uma guerra inexistente. Uma espécie de iconoclastia da fabricação. O que resta da memória quando já não sabemos se aquilo que vemos alguma vez existiu? Vivemos tempos de cripto-realidade. Uma realidade cifrada que se manifesta através de um sem número de véus.
Durante séculos, a Europa construiu-se em torno da palavra escrita. O Homo Legens era também o homem crítico: ler exigia silêncio, tempo, disciplina. Mas Giovanni Sartori já denunciava, em Homo........© Observador





















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