Quando a máquina decide quem vive e quem morre
Imagine um hospital com apenas uma cama de cuidados intensivos disponível e vários doentes em estado crítico. Quem recebe o tratamento vital? Esta pergunta, há muito reservada ao julgamento dos médicos, pode hoje ter uma resposta sugerida (ou até determinada) por um algoritmo. A Inteligência Artificial (IA) está a conquistar espaço na prática clínica, inclusive nas decisões mais difíceis: aquelas que definem quem vive e quem morre.
O potencial é inegável. A IA pode analisar dezenas de parâmetros em segundos, sugerindo prioridades terapêuticas com base em evidência estatística e modelos preditivos. Durante uma crise de saúde pública ou em contextos de escassez, como uma pandemia ou um acidente de múltiplas vítimas, estes sistemas prometem apoiar decisões mais rápidas, consistentes e baseadas em dados. Mas quando uma decisão automatizada dita o acesso (ou não) a cuidados vitais, surgem dilemas éticos profundos, especialmente se estas decisões forem opacas, enviesadas ou não supervisionadas.
Há exemplos reais que exigem atenção. Nos Estados Unidos, um dos algoritmos mais utilizados para priorizar cuidados adicionais foi exposto por classificar........
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