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O que ninguém vos contou sobre os helicópteros de emergência

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20.07.2025

O Estado Português decidiu lançar no final do ano passado um concurso público internacional para a contratação das operações dos helicópteros de emergência médica do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). O início das operações no âmbito deste contrato estava previsto para o passado dia 1 de julho.

O autor destas linhas é o CEO da empresa vencedora desse concurso: a Gulf Med Aviation Services. Trata-se de empresa de Malta, que faz parte do grupo Medilink Internacional, o qual atua no setor da prestação de cuidados médicos e já operou em mais de vinte países.

Durante mais de três décadas à frente do grupo Medilink, tenho testemunhado em primeira mão como os serviços de emergência médica podem fazer a diferença entre a vida e a morte. Não sou apenas um gestor que olha para números numa folha de cálculo — sou alguém que compreende profundamente que por trás de cada missão está uma vida humana, uma família em sofrimento, uma comunidade que precisa de socorro. É esta consciência que me move e que norteia todas as decisões da nossa empresa.

É por isso que fico surpreendido ao ver, nestas duas últimas semanas, notícias e comentários sobre um suposto incumprimento da Gulf Med Aviation Services em iniciar as operações no referido 1 de julho nos moldes que constavam do concurso público. Mais ainda me preocupam as afirmações de que a empresa não dispunha de helicópteros e pilotos para o cumprimento dessa missão, como se isso fosse um atestado de incompetência da empresa ou como se isso fosse incompatível com ter sido a vencedora do concurso público.

Vamos então a algumas explicações que se impõem, face ao desconhecimento com que este tema tem sido tratado no espaço público. Parto desde já de um pressuposto: o leitor terá a capacidade de tirar as suas próprias conclusões.

Este setor de atividade tem um conjunto de particularidades que o tornam especialmente desafiantes. Para isso contribui a exigente regulamentação aeronáutica europeia, a qual tem de ser respeitada por todas as empresas com Certificado de Operador Aéreo, como é o caso da Gulf Med Aviation Services.

É por cumprir rigorosamente as disposições aeronáuticas que a empresa tem um histórico imaculado ao nível das operações. Não será qualquer questão comercial que fará colocar em causa esse valor que tanto prezamos: a segurança.

Essa postura é a melhor garantia para todos — equipas médicas, pilotos, doentes, pessoal de operações de socorro nos locais onde os helicópteros são chamados a intervir, familiares de todos os atrás referidos — de que procuraremos evitar ao máximo a ocorrência de incidentes e acidentes. Como empresário que dedica a sua vida aos cuidados de saúde de emergência, ninguém melhor do que eu sabe que não há valor monetário que compense a perda de uma vida humana por decisões precipitadas.

Depois, é fácil de compreender que nenhuma empresa do mundo tem helicópteros parados à espera de que surja um qualquer contrato que necessite da sua utilização. Isso........

© Observador