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Pergunta honesta : acreditas na tua reforma?

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13.06.2025

Em 2023, nasceram 85.699 bebés em Portugal. É pouco. Mesmo com um ligeiro aumento face aos anos pandémicos, continuamos com uma taxa de natalidade de apenas 8,1‰ e uma taxa de fecundidade de 1,45 filhos por mulher — muito abaixo dos 2,1 necessários para assegurar a renovação de gerações. Traduzido em português simples: não há crianças suficientes a nascer para, daqui a 30 anos, pagar as reformas de quem hoje acredita que “a Segurança Social é para todos”.

Mas o problema já não é só quem não nasce. É também — e talvez sobretudo — quem nasce, cresce, estuda… e vai embora. Portugal é hoje um dos países europeus com maior percentagem de jovens emigrados: cerca de 30% dos portugueses entre os 15 e os 39 anos vivem no estrangeiro, segundo dados de 2023.
Uma em cada três pessoas que poderia sustentar o futuro do país, sustenta agora o de outro.

Esta geração já nasce com o passaporte em dia. Não emigra por espírito aventureiro, mas por cálculo frio. O salário médio em Portugal é cerca de 42% inferior à média da União Europeia. A habitação custa o que custa em Paris, mas com ordenados de Vilnius. Um quarto em Lisboa para um recém-licenciado custa mais do que a prestação da casa da mãe dele em 1999. Trabalhar cá é, para muitos, um luxo moralista que se paga com ansiedade.

Segundo a Federação Académica do Porto, 73% dos estudantes do ensino superior ponderam emigrar após os estudos — e 25% já decidiram fazê-lo. O Estado investe na formação destes jovens — cerca de 6000€ por ano, por aluno — para depois os ver partir, muitas vezes permanentemente.........

© Observador