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Auto-suficientes, mas bem acompanhados

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07.05.2025

A cada vez que enfrentamos uma crise técnica, como o recente apagão que afetou Portugal e Espanha, volta à tona um velho reflexo nacional: o de querer ser auto-suficiente, mas à custa do isolamento. O discurso “não queremos estar ligados a Espanha, muito menos dependentes deles” reaparece, agora com roupagens técnicas, mas com o mesmo espírito defensivo de sempre.

É curioso ouvir, em pleno século XXI, vozes que se afirmam modernas e progressistas repetir ideias que, décadas atrás, combatiam com convicção. Os mesmos que criticaram ferozmente o “Orgulhosamente Sós” de Salazar, hoje parecem confortáveis em sugerir que os nossos sistemas energéticos devem ser exclusivamente “nossos”, sem partilha, sem interdependência, sem integração. Como se a soberania se confundisse com isolamento e a proteção fosse sinónimo de cortar laços.

A realidade é outra. Num mundo interligado, onde os riscos são globais — sejam eles de índole digital, climáticos ou energéticos — a resiliência constrói-se em rede, não em redutos fechados. Precisamos de agir globalmente e cooperar internacionalmente. É essa lógica de colaboração, de partilha de recursos, de conhecimento e de capacidade instalada que nos torna mais fortes, mais rápidos na resposta e mais inovadores na prevenção. Sozinhos, somos mais frágeis. Em grupo, somos melhores.

É verdade que, no incidente recente, a origem do problema energético parece ter estado em........

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