Somos mesmo tão abjectos como o governo pensa?
Começou por ser um caso de transparência. Tornou-se, por opção do governo, mais um caso de “indecência e má figura”. O que já sabemos justifica todas as dúvidas. Sabemos que a célebre “empresa familiar” era apenas Luís Montenegro com a sua influência de político, e podemos duvidar das intenções das empresas, penduradas em contratos com o Estado, que lhe pagavam avenças. Sabemos que essa “empresa familiar” continuou a receber essas avenças enquanto Luís Montenegro foi primeiro-ministro, e podemos duvidar da regularidade dessa situação, porque um conflito de interesses não existe apenas quando o titular do cargo prejudica o interesse público, mas quando há condições para que isso aconteça. De outro modo, não faria sentido prever incompatibilidades.
Há outra coisa que justifica dúvidas. São as comparações que os adeptos do primeiro-ministro inventaram entre a “empresa” de Luís Montenegro e o Colégio Moderno de Mário Soares ou o jornal Expresso de Francisco Pinto Balsemão. Estas equivalências são simultaneamente ridículas e comprometedoras. O........
© Observador
