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A normalização da idiotice 

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yesterday

Encontrei há dias, num armário cá em casa, um trabalho que fiz quando estava aí no primeiro ou no segundo ano de escola. Não teria mais do que sete ou oito anos, quando me pediram, a propósito das comemorações do 25 de Abril que sempre nos eram impostas, que fizesse em papel um cravo, e o pintasse a vermelho. Nele gravei, com a caligrafia de alguém que aprendia as primeiras letras, a palavra «liberdade». Curioso, que hoje, volvidos quinze anos, as cores do cravo estejam desbotadas, e a palavra tão ténue que quase nem se lê.

De facto, isto acaba por ser um pouco o reflexo do tempo que vivemos. Porque desde pequenos nos querem fazer crer – na escola, na comunicação social, nos meios culturais – que o 25 de Abril nos trouxe a plena liberdade, a pluralidade de opiniões, a salvaguarda da liberdade de ação política e o direito a nos exprimirmos com segurança, desde logo pela liberdade de imprensa. No fundo, passaram-nos a narrativa, de que todas as ideias são válidas, ou pelo menos, merecem ter espaço para ser discutidas.

Venderam esta ladainha durante décadas, sem acreditarem nela, mas por uma simples razão: não havia contraditório; não existiam ideias que fossem para lá das balizas definidas........

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