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Inteligência humana num mundo com IA

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19.02.2025

Num tempo em que a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma quimera futurista para se consolidar como uma realidade ontologicamente disruptiva, assiste-se a uma polarização no debate público que oscila entre a exaltação tecno-deslumbrada e o receio distópico paralisante. É no meio desta tensão quase dialética que está a ganhar espaço de afirmação a ideia de “co-inteligência”, expressão vulgarizada por Ethan Mollick (que deu, em Portugal, lugar à publicação de uma obra com o mesmo nome, da Ideias de Ler) e que simboliza o que para muitos (nos quais me incluo) é a reconfiguração necessária para onde devemos, naturalmente, evoluir, de valorização do pensamento e da capacidade humana com o auxílio da tecnologia.

Reduzir o advento da IA a uma dicotomia entre obsolescência humana e supremacia algorítmica é um reducionismo que não resiste a um exame mais rigoroso. O verdadeiro desafio reside na compreensão do modo pelo qual a IA pode amplificar, complementar e catalisar as capacidades cognitivas humanas. É nesta linha que Ethan Mollick se tem posicionado, com base em profunda investigação empírica, sustentando que a IA, longe de aniquilar a criatividade humana, potencia a resolução de problemas e a tomada de decisões mais informadas.

Importa, porém, realçar que a mera acessibilidade a estas tecnologias não garante, por si só, uma transformação consequente dos potenciais utilizadores. O que mais abunda são utilizadores incapazes de extrair valor das ferramentas de IA, mesmo das mais simples e de uso amigável. Agora, o verdadeiro diferencial não reside na capacidade instrumental da IA, mas na capacidade humana de curadoria, interpretação crítica e orientação estratégica dos sistemas de IA para os resultados desejados.

A IA, em especial a que tem base generativa, não se limita a inaugurar um novo ciclo tecnológico: como defendi num artigo publicado na obra

© Observador