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Violência no Desporto: A Falência do Estado

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14.06.2025

Em Portugal, o desporto, que deveria ser um espaço de elevação moral, superação pessoal e coesão social, está a tornar-se, cada vez mais, palco de episódios lamentáveis de violência. Seja nas bancadas, nos relvados, ou nos bastidores, o fenómeno repete-se com uma frequência assustadora e com uma impunidade revoltante. Mais grave ainda: o Estado, as federações e os clubes assistem a esta degradação com uma apatia cúmplice que envergonha qualquer sociedade que se pretenda civilizada.

O futebol é o espelho mais fiel da sociedade portuguesa — e não no melhor dos sentidos. No que toca à violência, ao discurso de ódio e à cultura de intimidação, o desporto-rei em Portugal tornou-se o palco perfeito para o falhanço institucional. Não falamos apenas de casos isolados ou de “excessos de emoção”, como tantas vezes se ouve nas lamentáveis tentativas de desculpabilização. Falamos de um problema estrutural, sustentado por inação política, omissão federativa e oportunismo clubístico.

Desde os escalões de formação até às competições profissionais, a violência deixou de ser um sintoma e passou a ser parte integrante do ecossistema futebolístico nacional. O Estado sabe. A Federação Portuguesa de Futebol sabe. Os clubes sabem. E, no entanto, todos continuam a agir como se nada fosse.

Formação: a fábrica de traumas

Nos campos de futebol espalhados por todo o país, todos os fins de semana, crianças e jovens disputam jogos que, na teoria, deveriam ser momentos de aprendizagem, de formação cívica e de crescimento emocional. Na prática, são muitas vezes campos de batalha verbais e físicos, onde o que menos importa é o jogo.

Pais a gritar insultos do banco, treinadores a incendiar ânimos com discursos de guerra, árbitros jovens — alguns com 14, 15 anos — a serem alvo de ameaças e........

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