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Numa sociedade tão fragmentada, o escutismo resiste

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25.08.2025

1. Bem-vindos ao escutismo! Este é o nosso Agrupamento, uma só Patrulha; esta é a nossa família, alargada, incomparável. Somos uma irmandade à escala global que partilha um ideal, um método e uma missão. Baden-Powell, como ele próprio fez questão de recordar, teve uma Ideia e depois viu nessa ideia um Ideal. O ideal cresceu, consolidou-se e tornou-se Movimento. Todas as instituições, organizações, grupos apontam sempre para o grandioso; para o imenso, o maior, o mais espetacular. A grande marca do escutismo é, paradoxalmente, a simplicidade da sua proposta: “deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrámos”. Somos uma fraternidade de amigos próximos, somos um corpo, uma raíz, uma consistência. E não, não somos todos iguais; somos altos e baixos, gordos e magros; negros, brancos, “amarelos”; mais ou menos ricos, mais ou menos cultos, mais ou menos jovens; com sensibilidades, expectativas e projectos de vida diferentes; somos muito diferentes… mas somos irmãos! E como é isso possível? É possível, porque temos algo que vertebra a nossa comunidade, que lhe dá consistência, coesão, sentido; é possível porque temos um Ideal comum! E apesar das nossas diferenças, reconhecemo-nos num conjunto básico de valores comuns, valorizamos uma tradição cultural, moral, religiosa, comum; a qual, dá à nossa existência coesão, equilíbrio e unidade. E, por isso, na nossa sociedade tão fragmentada, o escutismo resiste.

2. Palavras como “Ideal” não nos devemos, então, cansar de as repetir e, sobretudo, colocar em prática! O ideal dá equilíbrio e consistência à nossa existência, ao nosso modo de vida escutista; dá-lhe coesão, identidade, sentido de pertença. O ideal é como uma bússola que, por maior que seja a incerteza, a angústia e o sofrimento, obriga o Homem a moldar-se à Realidade. Somos um movimento de valores e ideais. Se não houvesse um Ideal comum tudo se tornaria indiferente, similar, equivalente; se não houvesse um Ideal comum tudo seria circunstancial, situacional, e tudo se transformaria em meras opiniões e preferências pessoais. Ser escuteiro é, então, muito mais que uma questão de sensações ou emoções, mais ou menos espectaculares, mais ou menos radicais; os escuteiros não andam à procura de recordes, números e estatística, nem de lugares onde sintam uma “boa energia”, e uma “boa onda”. Num mundo tão errante, tão desencontrado, algumas coisas permanecem verdadeiras: a nossa Promessa e a nossa Fé! São elas que vertebram o nosso Ideal. E, por isso, na nossa sociedade tão fragmentada, o escutismo resiste.

3. A Religião sempre foi considerada um dos núcleos centrais dos Direitos Humanos, sempre foi considerada um dos pressupostos antropológicos fundamentais. Neste sentido, a experiência religiosa, nas suas múltiplas práticas e expressões, sempre foi considerada como algo intrinsecamente bom, e desejável para o bem estar de pessoas e grupos, povos e nações. A sociedade contemporânea expressa, contudo, uma visão........

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