“We make out of the quarrel with others, rhetoric, / but of the quarrel with ourselves, poetry”
“Fazemos da discussão com os outros, retórica, / mas da discussão connosco, poesia” (1).

W.B.Yeats, o maior bardo saído da velha Hibernia, mistifório de poeta visionário, dramaturgo, místico e nacionalista irlandês, é um dos maiores vultos representativos do período histórico que lhe foi dado viver e um dos incontornáveis desse então tempo vindouro– o nosso.

Para satisfazer os biografistas, diga-se que William Butler Yeats nasceu no dia 13 de junho de 1865 em Sandymount, distrito costeiro de Dublin — isto é, há 160 anos. O seu pai, John Butler Yeats, tinha abandonado uma carreira advocatícia de forma a se dedicar exclusivamente à pintura — tal como o irmão de Yeats, Jack Butler Yeats, mais tarde faria –; já a sua mãe, Susan Mary, vinha de uma família de comerciantes protestantes de Devonshire bastante afortunados. Ao longo da sua vida de 73 anos – morreria em 1939, sem assistir, no entanto, aos horrores da Segunda Guerra Mundial –, Yeats testemunharia (e por vezes moldaria) alguns dos eventos mais importantes na história colectiva da Humanidade e da sua Irlanda, como a Grande Guerra e o surgimento do Estado Livre Irlandês no rescaldo da Guerra Civil Irlandesa.

É difícil pensar em alguém cujo compromisso com a Arte tenha sido tão intransigente, tão obsessivamente soteriológico: poucos lhe deram tanto e esperaram tanto de volta. Em tempos onde a poesia já não estende tábuas de salvação – teremos esgotado as próprias possibilidades expressivas ou será apenas o resultado do desencantamento do mundo? –, é difícil compreender o caminho visionário de Yeats e a sua assunção da poesia como forma ideal para compreender e enfrentar o espírito antagónico da existência. Mas, ainda que quase elevado a mito, Yeats mantém-se, contra todas as probabilidades, contemporâneo de quase todas as nossas ansiedades.

Este “mistagogo pagão” (2) e precursor de “todos os poetas anglo-irlandeses depois dele, inclusive o........

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