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O Custo Invisível da Dignidade dos Idosos

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06.09.2025

O aumento da longevidade é uma das maiores conquistas da humanidade, mas em Portugal esta vitória configura um enorme desafio social. Como evidenciado recentemente por mais algumas alarmantes notícias/reportagens jornalísticas, a forma como tratamos muitos dos idosos, em particular os idosos que vivem em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (comumente designadas lares de terceira idade), revela uma lacuna profunda na nossa sociedade. Esta é uma realidade que parece ignorada por muitos.

A recém-proposta aprovada de Estatuto da Pessoa Idosa, apesar de ser um passo na direcção certa, parece ainda distante de resolver a complexidade dos problemas enfrentados por esta população.
A verdade é que a escassez de respostas adequadas para a generalidade de idosos dependentes é gritante. Lares de qualidade, capazes de garantir um contexto digno e seguro, são financeiramente inacessíveis para a maioria das famílias portuguesas. Com mensalidades que frequentemente ultrapassam os 1.500 euros e podem chegar aos 2.500 euros em certas circunstâncias, a dignidade na velhice torna-se um privilégio, e não um direito, para aqueles que construíram o nosso país. Esta realidade leva muitos idosos a viver em condições precárias ou a depender do apoio esgotante de cuidadores informais, frequentemente sem o devido suporte.

As consequências são imensas e estendem-se além do plano físico. O impacto psicológico neste grupo etário e nos seus cuidadores é profundo. A incerteza do futuro, o medo de se tornarem um “fardo” e a ausência de um lugar seguro para os seus últimos anos são fontes de angústia, ansiedade e depressão.
É do conhecimento geral que existem práticas profundamente preocupantes em alguns lares de terceira idade. Estas incluem a aplicação de restrições físicas — por exemplo, a........

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