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Cunha Seixas e a superação do krausismo

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01.06.2025

A filosofia de José Maria da Cunha Seixas — renomado intelectual do século XIX — revela paradigmaticamente a influência de Karl Christian Friedrich Krause na configuração do pensamento português contemporâneo. Tal afirmação pode, contudo, induzir o leitor em erro, pelo que devemos desde já esclarecer que Cunha Seixas desenvolveu uma teoria metafísica que, em certa medida, suplantou o krausismo. A título de curiosidade, note-se que a reflexão filosófica de Antero de Quental é, também ela, demonstrativa do impacto do krausismo em Portugal; veja-se, por exemplo, os textos “O sentimento da imortalidade” (1865) e “Espontaneidade” (1866). No entanto, contrariamente a Cunha Seixas, Antero parece nunca ter ousado interrogar as bases do espiritualismo de Krause.

Apesar da chegada do positivismo a Portugal, catalisada sobretudo pela figura de Teófilo Braga — opositor contundente do espiritualismo —, esta corrente mostrou-se resiliente tendo perdurado até aos últimos decénios do século XIX. Como resultado deste confronto doutrinário, emergiram alguns sistemas sincréticos que aglutinavam princípios das duas tendências, como se verifica, e. g., na análise antropológica de Manuel de Arriaga, primeiro Presidente da República Portuguesa (1911-1915).

A respeito do espiritualismo oitocentista, importa entender que o mesmo é fruto de uma complexa pluralidade que conglomera premissas cartesianas, nuances provenientes do empirismo inglês e do idealismo alemão, bem como preceitos evolucionistas. Porém, como pertinentemente identifica Joaquim de Carvalho, a filosofia de Leibniz apresenta uma determinância singular no século XIX em Portugal, porventura pela sua assiduidade no tocante à gnosiologia, à metafísica e à ontologia.

Poderemos admitir, em primeira instância, que o “krausismo português” radica na noção de........

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