A insustentável leveza da desinformação
Uma das frases que mais se cimentou na minha memória desde os tempos da faculdade é uma de Marc Bloch, supostamente inspirada num provérbio persa, ainda que sem sustentação histórica que comprove tal origem: “O Homem é mais filho do seu tempo do que dos seus pais”.
A ideia parece tão simples quanto comprovada: a de que o contexto histórico molda profundamente os indivíduos, talvez até mais do que a hereditariedade ou a educação familiar. Quantos pais já não se terão perguntado, a uma determinada altura, referindo-se aos seus descendentes: “a quem é que saem?”
Dito isto, para se vislumbrar o caminho percorrido pelas sociedades, a questão que tem de se colocar é a seguinte: afinal, que tempo é este em que vivemos? A realidade é sempre demasiado complexa para se traçar um diagnóstico que caiba nas mais diversas vertentes, seja política, social, cultural, económica ou qualquer outra. No fundo, todas aquelas que compõem e moldam o contexto histórico que, por sua vez, moldará os seus “filhos”.
No entanto, há uma dimensão que assume uma relevância preponderante, uma vez que afeta toda e qualquer tomada de decisão por parte de todos os indivíduos: a desinformação. A sua importância vem alicerçada pelo facto de, reconhecidamente, vivermos num tempo de sobrecarga de informação, à escala planetária, no........
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