Robótica avançada ou a caridade tresloucada?
Indústrias como a construção, agricultura ou restauração começarão a substituir de forma cada vez mais significativa trabalhadores por robots ainda esta década, segundo a Morgan Stanley dos EUA (Humanoids: The Humanoid 100: Mapping the Humanoid Robot Value Chain). No Japão já desde o inicio da década que os robots fazem cada vez mais tarefas nessas áreas (Service Robots Are Becoming Increasingly Common in Japan – Bloomberg). Em Portugal, nos hipermercados Continente podemos ver robots a limparem o chão, sabendo desviarem-se dos clientes. São da empresa Chinesa Pudu que faz robots para muitas outras tarefas incluindo recolha do lixo. Por exemplo a Pudu vendeu 3000 robots de servir à mesa à cadeia Japonesa de restaurantes Skylark (BellaBot Transforms Skylark Group Dining – Pudu Robotics). Outras empresas como a Inglesa Robotiz3d produzem robots que arranjam os buracos da estrada. Nos EUA, a companhia Serve robotics já tem uma frota de mais de 400 pequenos robots com rodas que entregam comida ao domicílio em cidades como Los Angeles ou Miami sem precisarem de entregadores de bicicleta ou mota. Tais robots já fizeram, de forma segura, mais de 100 000 entregas de refeições vindas de 2500 restaurantes e o número de entregas de refeições tem crescido 40% a cada três meses desde 2021. A Serve assinou recentemente um acordo com a Uber para expandir a sua frota para 2000 robots em mais cidades dos EUA como Chicago até ao final de 2025. Semelhantemente em vários locais dos EUA inúmeros TVDEs, já se conduzem sozinhos, por exemplo em Austin no Texas com os robotaxis da Tesla deste este verão ou em São Francisco na Califórnia com os Waymo da Google. Os Waymos já providenciariam mais de 10 milhões de viagens para passageiros, sem condutores. Relevantemente, fizeram-no com 88% menos acidentes que condutores humanos fariam nas mesmas distâncias (Safety Impact). O potencial de expansão da robótica com IA a nível mundial, incluindo em Portugal, é enorme.
Inacreditavelmente, perante toda esta realidade tecnológica avassaladora e eminente, certos políticos, jornalistas de economia e economistas que escrevem em jornais e opinam em TVs, tendo agora por aliados parte dos juízes do tribunal constitucional, continuam o “exemplo” do “visionário” ex-primeiro ministro Costa (este nem deve ser capaz de enumerar uma ou duas companhias de robótica quanto mais perceber as suas potencialidades e antecipar o seu impacto).
Insistem que o futuro dourado de Portugal está não na inovação implementada por profissionais qualificados, que poucos tentam reter, atrair ou re-atrair (diáspora portuguesa), mas na importação massiva de mão de obra desqualificada (que estes robots estão já a substituir e vão substituir ainda mais a breve prazo). Das duas uma: ficaram sem visão nenhuma, presos ao século passado, num período anterior aos anos 80s quando até os Salada de Fruta já cantavam que os robots trabalham muito e gastam pouco; ou então são evangelizadores duma caridade irresponsável e autodestrutiva que pode acabar em indigência........
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