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Brevíssima história da fotografia

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16.06.2025

Uma forma de avaliar as artes e o seu percurso histórico é através da componente técnica. Não será a mais conhecida nem a mais apreciada. Gostamos de considerar os artistas como independentes das grilhetas técnicas, como seres particulares que, para o bem e para o mal, desempenham um papel revolucionário. De nada adianta reforçar que Mozart era um continuador e que van Beethoven, esse sim, um disruptor. A História de Arte abençoa tanto os fiéis como os gentios, e a crítica de arte… bem, ninguém sabe ao certo o que a crítica de arte realmente faz. Contudo, os aparelhos e as ferramentas de trabalho, enfim, a techné, é essencial quando se pretende rumar a uma obra-prima.

O exposto é ainda mais adequado para a fotografia. Não iremos lembrar o seu tortuoso percurso para ser considerada uma das artes – vertida na crítica veemente de Baudelaire – nem a habitual tendência para a considerar um meio (já há muito ultrapassado pelo vídeo) de relembrar o passado alegre e familiar, as festas entre amigos e as figuras mais caricatas, de registar de um modo fiel, rápido e simples a realidade. “A máquina (fotográfica) faz tudo!”. Na possibilidade de, enfim, através de um gesto fácil e rápido, e agora tornado inocente pelo recurso ao telemóvel, dispensar a memória de valiosa, contudo, pesada, informação.

Somos levados a admitir que apesar de as fotografias terem entrado nos museus, existe uma forte e permanente componente técnica que sobressai. Nos vários usos da fotografia, da medicina às manobras militares, a singular visão de artistas tão diferentes como Cartier-Bresson, Witkin e Ansel Adams dilui-se num pragmatismo indiferenciado. Convém não........

© Observador