A mudança movida a rotundas e macadame
Os tempos em que vivemos são tempos de excessos. Na verdade, talvez todos os tempos sejam de excessos. O LSD e a libertação sexual nos 70s, o consumo e Wall Street nos 80s, os media (agora tradicionais) e o pop nos 90s, o crédito e a reality tv nos 00s, os unicórnios (empresas, entenda-se) e as redes sociais nos 10s, e provavelmente o pós-verdade e a inteligência artificial nos 20s.
Com o crescente de ruído, também os canais de divulgação se ajustaram ao volume, adaptando e capitalizando a vozearia. As notícias têm de ser bombásticas, os eventos catastróficos, as personagens nunca antes vistas, e as tendências cataclísmicas, ou de outro modo ninguém clica nem ninguém ouve. Trump é um bom exemplo deste exagero, ele que é, na boa tradição americana, sempre o melhor e/ou maior e/ou primeiro.
Na televisão, seguem-se em filas intermináveis os comentadores e especialistas da especialidade, variando entre peritos de temas micro e entendidos de largo espectro.
No domingo dia 18 de maio – foi há menos de três meses, mas já parecem séculos -, como habitualmente nas nossas agora quase tradicionais eleições legislativas anuais, as análises foram detalhadas e profundas em painéis de especialistas interessados e participantes da eleição, num misto de opinião e defesa/ataque dos seus.
Fora as habituais opiniões de margem, mais pitorescas e esdrúxulas, houve um consenso no terramoto ou evento marcante que foi esta eleição.
Para um cínico encartado, esta eleição foi uma eleição como outras, com apenas algumas curiosidades.
Foi uma eleição sem incidentes.........
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