menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Para um manifesto conservador

10 1
24.06.2025

Em The case against the sexual revolution, Louise Perry recorre à metáfora da cerca de Chesterton (a chamada “Chesterton’s fence”) para fundamentar uma atitude política cuidadosa. De acordo com Chesterton, podemos pensar numa instituição ou numa lei como uma cerca ou um portão que encontramos numa estrada:

«O tipo de reformador mais moderno aproxima-se alegremente e diz: “Não vejo a utilidade disto; vamos eliminá-lo”. Ao que o reformador mais inteligente deverá responder: “Se não vês a utilidade disto, certamente não te vou deixar eliminá-lo. Vai-te embora e pensa. Quando voltares e disseres que vês a sua utilidade, poderei permitir que a destruas.”»

Muitos encontram nesta ideia a essência do pensamento conservador: a questão não estaria na impossibilidade de reformar, mas na ponderação cuidada das reformas políticas a adotar, considerando que as instituições existentes sobreviveram ao teste do tempo.

No livro de José Maria Pimentel, escrito a partir do seu podcast, Francisco Mendes da Silva faz precisamente este argumento na defesa do conservadorismo: “acreditar que há instituições que não são boas por serem antigas; são, sim, antigas (isto é, duraram), porque são boas.” Aqui residiria o ponto crucial do conservadorismo como predisposição conservadora, que, entre nós, é subscrito por outros nomes importantes como Miguel Esteves Cardoso ou João Pereira Coutinho.

Tradicionalmente, o conservadorismo encontra-se próximo do liberalismo, apresentando-se como conservadorismo-liberal e assumindo, desde Burke no século XVIII, uma dimensão económica de defesa de uma economia de mercado livre, que garantiria uma espécie de ordem espontânea com intervenção mínima do estado.

Na última década, porém, a atitude........

© Observador