O que é isso de “woke right”?
Ao longo da última década, o comediante e jornalista Andrew Doyle tornou-se uma das figuras mais relevantes do espaço público britânico, em particular devido à forma mordaz como denunciou as loucuras woke dos últimos anos. Em 2018, criou no Twitter a personagem satírica Titania McGrath, uma poetisa ativista, interseccionalista radical e combatente pela justiça social nas redes sociais. Um ano depois, Titania lançou o seu primeiro livro – Woke: Um Guia para a Justiça Social –, publicado entre nós, pela Guerra & Paz, em 2021.
Desde então, Doyle escreveu três títulos (infelizmente) ainda não traduzidos: em 2021, um pequeno manifesto sobre liberdade de expressão; em 2022, The New Puritans: How the Religion of Social Justice Captured the Western World; e, recentemente, The End Of Woke: How the Culture War Went Too Far and What to Expect from the Counter-Revolution. Mas podemos realmente afirmar que o wokismo acabou?
Como o autor reconhece em artigo para o The Spectator, trata-se de um título mais aspiracional do que profético. É verdade que as manifestações mais excessivas do wokismo parecem ter ficado nas nossas costas e alguns dos seus principais dogmas – que desafiavam o bom senso e a realidade, como a afirmação de que um homem se pode tornar uma mulher – têm perdido a sua força. No domínio do mercado, sempre capaz de se adaptar às novas modas políticas e culturais, esta perda de fulgor foi particularmente evidente: as empresas mais astutas perceberam rapidamente que, com a vitória de Donald Trump, o clima para sinalizações de virtude woke e estratégias identitárias estava........
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