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O mundo das elites

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27.05.2025

A mesma pergunta tem-se repetido nos últimos tempos, como se fosse o grande mistério dos nossos dias: para onde foi todo o tempo que tínhamos dantes? Parte dele desaparece nos telemóveis-espertos, esses sugadores de atenção e tempo. Mas não é só isso: parece que andamos sempre a correr de um lado para o outro e cada vez com menos tempo livre. Até para estarmos no café, essa instituição tão europeia, como diz George Steiner, e que os mais velhos recordam e talvez ainda pratiquem, mas que está hoje em desuso.

Lutamos por tempo para, por exemplo, ouvir todos os podcasts que nos interessam, como A Vida em Revolução, com Rui Ramos e Pedro Jorge Castro. E o episódio com Helena Roseta é especialmente marcante. Mais uma vez: como era possível ter tempo para fazer tudo aquilo? Ter uma família, filhos, trabalho, uma vida privada e participar, simultaneamente, na construção de um novo país?

É particularmente interessante o modo como Helena Roseta descreve o mundo de diferença que separava a elite política que fazia a revolução das pessoas comuns que viviam fora da capital. Em campanha pelo país, a nova elite era testada pela população, que se dispunha a ouvir os longos discursos ideológicos, embora quisesse saber, acima de tudo, como é que funcionava essa coisa do voto.

Nesta descrição encontramos o cerne da verdadeira luta democrática: a elite política quer explicar às pessoas o que pensar; as pessoas comuns querem saber o que têm de fazer para expressar a sua opinião.

Esta luta é inerente à dinâmica democrática: afinal, a democracia assenta na ideia de que todas as pessoas (independentemente do seu conhecimento e das suas convicções) têm o mesmo valor político e têm,........

© Observador